domingo, 19 de maio de 2013

O taxista, o psiquiatra e a socióloga



O taxista era dos conversadores. Puxou prosa, e logo lhe informei que eu era professora. Falei-lhe sobre a universidade, a área de artes, e não deixei de referir minha formação também em sociologia. De artes, ele julgou entender. Quem não ouve música, vê filmes, novelas e shows na TV, tem algum artesanato em casa? Mas sociologia era uma palavra cujo significado lhe escapava ao repertório. O que é o sociólogo, o que faz, perguntou. Ele tenta compreender as relações entre as pessoas vivendo na sociedade, em coletivo. O taxista buscou, então, um paralelo com alguma referência entre as profissões que conhecia. É como um psiquiatra, então! Animei-me com a conexão estabelecida. O psiquiatra se ocupa das pessoas, individualmente; o sociólogo quer saber como o conjunto de pessoas desenvolve suas atividades, e as questões que decorrem dos modos como o conjunto de pessoas, em sociedade, se organiza. Ele silenciou por algum tempo, para então decretar uma questão da sociedade é a droga, essa sim é um problema! Concordei com ele. Essa, por exemplo, é uma questão que importa aos sociólogos, pensando em termos da sociedade.

Ele fez mais uma pausa, para então confessar eu tenho um irmão que nós perdemos para a droga. E prosseguiu a droga destruiu a família dele, as economias da família, hoje é como se os filhos não tivessem pai. Ele já está com mais de 40 anos, e não consegue sair da droga. Não tem jeito, mais. Nem o psiquiatra deu conta...

A pausa que se seguiu pareceu me inquirir se essa seria uma causa a ser tomada por algum sociólogo. Sinto, muito, senhor, foi o que pensei, sem coragem de pronunciar. Tampouco sociólogos, tampouco sociólogos dariam conta...

Chegávamos, já, ao aeroporto.





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